domingo, 22 de agosto de 2010

escrita em movimento...


nas asas do não-sabido, lendo agora algumas idéias aqui trabalhadas, fisgou-me o fio de uma inquietação que ponho em urdidura:

Qual será este momento sutil em que o silêncio de tudo o que já foi dito faz com que alguém se ponha a escrever, numa tentativa de ainda vir a dizer....

Dança-trança de significantes que se relançam de um texto a outro, nas entre linhas, entre letras, entre nomes próprios.... No Tear 4 nada parece estar solto ou livre de consequências.

E a conseqüência de enlaçar o movimento de um texto no contraponto de outros, passa a ser um tempo necessário para que eu elabore melhor o fato de que ‘saber’ e ‘não saber’, ao contrário de se excluírem, são desdobramentos lógicos do real e sempre procedem advindos um do outro.

Neste ‘com-texto’ as palavras vão me reconduzindo até as sutis façanhas do silêncio que perpassa as lacunas da leitura. Palavras que saltam de um texto a outro, traçando o leito esburacado de seus enodamentos e cortes, exterioridades limites do que não tem sentido. Uma elucubração, para Lacan: geometria de sacos e cordas, que resiste. E da qual devemos fazer uma trama, algo que se resolva por fios.... um tecido. Palavras que nos guiam mas que delas nada entendemos. Palavras destacadas, por onde somos capturados e reconduzidos ao desejo, porque operam nas bordas do real, sem o peso do sentido.

escrita em movimento...

Bater de asas que é o único abrigo da ave ao ousar seu vôo....



Lúcia Montes.

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